21 de jan. de 2010

Um interior vale mais que mil cidades dessas..


Mais um episódio meu, no ônibus.. (paciência)

Estava eu, voltando do trabalho. Recuperada de uma crise daquelas... enxaqueca, dor de ouvido, febre, dor de cabeça, dor de barriga.. hehe. Enfim, era meio dia, solzinho infernal; Entro no meu adorável antonio bezerra papicu, tem cadeiras vagas, atrás assim como 4 meninos de aspecto terrivel : vagabundos, ladrões, perigosos. Decido não ser preconceituosa, e sento-me perto de um deles. Esse tal, veio o caminho cantando aos berros, vejam só: RACIONAIS! ( continuo comentando: A GENTE PAGA CARO POR ISSO!) À frente desse elemento, tinha um homem, com 2 cabides de madeira, shorth e camiseta quadriculada mal abotoada. Que se incomodou com o rapaz cantarolando aqueles versos INCRIVEIS dos racionais naquele tom de: '' Não mecha comigo, eu sou perigoso''. O homem, pegou um dos cabides, virou para trás, levantou o cabide, levantou a voz e disse: ''Ei, vagabundo, cala a boca aí, que tô morrendo de dor de dente, cala a boca, que se não bato na tua cara com esse cabide''. O diálogo belíssimo então começou:
''vagabundo'': ''como é que é? vem cá, vem pra tu vê''
''homem do cabide'': ''VAGABUNDO. BUNDO. BUNDO.''

PAUSA. Momento muito tenso.
Lembrando que eu, estou com crises nos ultimos dias, de pressão baixa. Nesse momento, ela já nem existia mais. Enfim, voltemos ao acontecido.

''Vagabundo'', toma o cabide do ''homem do cabide'' e bate muito nele. Enquanto os outros três companheiros dele, ajudam a detonar o pobre homem dos cabides.
Eu, de força estranha saltei rapidamente da cadeira, e conseguir passar na borboleta, depois de quase gritar com o trocador entusiasmado com a briga. Me livrei.
Mas, o homem dos cabides, não. Apanhou muito, de 4. Ops, de quatro garotos.
O onibus parou, todos amedrontados, minha pressão não existia mais.
O motorista foi até lá. E fez com que eles descessem. Os vagabundos.
Que levaram um dos cabides do homem e quebraram no meio da rua.
O homem dos cabides, permaneceu no ônibus.
E os vagabundos, zoavam com ele.
Daí, sentemos, que lá vem estória.

O homem dos cabides despertou a atençao de todos. E falou. Falou demais.
Fiquei sabendo disso:
Ele mora no interior, São luis de alguma coisa aí, que não lembro. Ele vende cabides de madeira. Estava voltando com 2, tinha vendido 8, mas, dos dois, perdeu 1. Prejuizo de R$15,00. Ele vem a Fortaleza todos os dias pela manha. E conversa vai, conversa vem, conhecia a tia de um homem que estava no onibus, essa, que mora perto do ''homem dos cabides'' é viuva e tem dois filhos, primos do homem. Nessas vindas a Fortaleza, ele gasta R$12. Hoje, alem dos cabides, ele tambem trouxe 50 piloes de madeira, que deixara no mercado são sebastião. Ele tava com dor de dente. E ia descer no terminal, e pegar, numa avenida próxima, um ônibus pra sua casa. Ah, um dos filhos da tia do homem que estava no onibus, bebe cachaça pra caralho!

Ele deixou uma frase que não vou esquecer. O homem dos cabides:
''Eu não troco meu interior nem por mil cidades dessa.''
Ah, e ele acabou ganhando um cliente novo, o trocador.
Marcaram o mesmo horario pra amanha.
Ele vai comprar um cabide. Com desconto, por R$13;

Se eu encontrar ele amanha, vou ter uma crise de risos.
E talvez, compre um cabide, que ele disse: '' esse, não dá cupim''
rs.