(Foto tirada no treme-treme do veículo, no treme-treme do coração e de uma câmera não tão boa assim)
Foi simples. Ele
estava com todos os tons possíveis de azul, como se me chamasse para desvendar
um de seus segredos. Mas, aconteceu o mesmo de sempre quando sou raptada por
ele: acabei despejando nele todas as ideias mais absurdas que ele já pode
ouvir. Num mundo assim, tudo que a gente precisa é de um infinito que nos
abrace e nos escute, por mais piegas que isso possa parecer. A necessidade de
sair daquele carro de braços abertos continua sendo a prioritária da minha
lista de desejos. Preciso. Preciso me perder nessa imensidão sem fim que
sustenta à mim, a você, todo amor e toda hostilidade dessa vida no ar. Já pensou
quanta responsabilidade tem o céu? De nos sustentar nesse imenso vazio tão
cheio de mistérios?! Já imaginou o quanto ele deve se controlar pra não sair
contando a qualquer um pelo menos um de seus segredos? Ainda mais, quando esse “qualquer
um” é uma doida varrida que vive chamando por ele, que diz que foi raptada por
ele, quando na verdade ela que o fez.
É porque eu não caibo mais em mim. Não
cabe mais tanta esperança, tanta mágoa, tanto desespero, tanto desejo, tantas dúvidas,
tantas lágrimas, tantas ausências, tantas tolices, tantos medos, tantos “coração
em pedaços”, tantas e tantas outras coisas que já não agüentam mais estar aqui
dentro, que se esvaziam pelas beiradas da alma contaminando esse céu tão
inocente. Desculpa, céu. Desculpa por nessa tarde manchar o teu
azul-em-todos-os-tons. É que sinto saudade das tuas estrelas e das tuas
respostas em forma de olhar. Quero ser tua menina, céu. Quero poder tatear tuas
estrelas e voltar pra casa com o brilho delas na mão. Quero colorir meu coração
e minha alma lotada com teus tons de azul. Imagina só que imensidão tu me darás!
Assim, tudo caberá novamente aqui, cada pedaço celestial e infernal de mim
caberá no teu azul que irei pintar. Tornarei-me tão imensa e azul como você!